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Novidade de Osorio não foi tragédia: São Paulo atacou bem, mas sofreu atrás

Já está claro que Juan Carlos Osorio não está no São Paulo para ir em busca do título brasileiro ganhando jogos por 1 a 0. O colombiano quer o time tricolor jogando bem, impondo seu estilo, praticando um futebol moderno e coletivo. E se é verdade que ainda está longe de atingir o objetivo, já dá sinais de que o caminho que começa a trilhar no Morumbi é muito interessante. A derrota por 3 a 1 para o Atlético-MG foi uma síntese do trabalho até agora: uma ideia ousada, um sistema inusitado, boa produção ofensiva e várias falhas que precisam ser corrigidas.

Ao contrário do que o placar adverso de 3 a 0 do intervalo possa sugerir, o São Paulo não foi nenhuma tragédia no primeiro tempo. Pelo contrário, pressionou o Atlético durante a maior parte: instalou-se no campo do adversário, criou jogadas, avançou os alas, teve oportunidades de gol. A diferença foi no aproveitamento das chances – se o São Paulo desperdiçou várias delas, o Galo, que é um belo time e merece ser o líder do campeonato, foi espetacular na frente de Rogério Ceni.

Osorio mandou a campo um 3-4-3, com Hudson e Michel Bastos fazendo a dupla de volantes, mais Thiago Mendes e Reinaldo como alas. Na frente, Ganso e Pato jogaram nas pontas e caíram constantemente para o centro, em uma movimentação que se mostrou difícil de ser acompanhada e causou certa confusão na marcação do Atlético. As chances apareceram, mas os gols, por falhas de finalização, não. Do outro lado, Lucas Pratto aproveitou erros defensivos e não perdoou.

Esses erros, aliás, foram além das falhas individuais – a mais óbvia, o passe displicente de Hudson que gerou o terceiro gol atleticano. Também houve problemas coletivos graves no 3-4-3, que em nenhum momento encaixou a marcação no Atlético. Em algumas ocasiões, ficaram três zagueiros na área para marcar somente Pratto; como consequência, sobraram adversários livres em outras partes do campo, muito por conta da movimentação inteligente de Giovanni Augusto, que variou muito bem o posicionamento para criar superioridade numérica no meio-campo e nas pontas.

Mas o problema mais recorrente foi a total liberdade dos laterais do Atlético, principalmente Marcos Rocha, que passou desmarcado inúmeras vezes na direita. Normalmente, a jogada começava na esquerda do Atlético com Douglas Santos; Thiago Mendes avançava para combater o lateral, e obrigava Rafael Toloi a sair da área para não deixar Thiago Ribeiro livre; o resto da defesa do São Paulo seguia o movimento de Toloi e deixava o outro lado desguarnecido. Sem ser acompanhado por Pato, Marcos Rocha subia livre e fazia a festa.

No segundo tempo, o treinador corretamente voltou para o 4-2-3-1 usual – a linha de quatro defensores tirou muito do interesse tático do jogo, mas finalmente encaixou a marcação sobre o Atlético. O time mineiro, porém, adotou uma postura bem mais defensiva e passou a levar perigo nos contra-ataques. Marcos Rocha mostrou que poderia continuar subindo sem ser incomodado por Pato, mas passou a guardar mais a posição após alguns minutos. O São Paulo continuou com volume de jogo e perdeu mais alguns gols, mas o Atlético esteve confortável na segunda etapa.

Esse tipo de desequilíbrio causado pelo 3-4-3 é o principal ponto que Osorio precisa trabalhar se quiser manter o esquema, que apresentou também várias coisas positivas: a facilidade para sair jogando pelos lados, a movimentação de Ganso e Pato, e a chegada com vários jogadores na frente, por exemplo. Mesmo com atuações individuais sofríveis como as de Luís Fabiano e Centurión, o São Paulo teve chances até de vencer. Mas Osorio não quer ganhar apresentando falhas; ele quer ganhar controlando o jogo. E mesmo que o caminho esteja correto, isso não deve acontecer no curto prazo.

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